Jump in

9 de jun. de 2012

■ O polêmico 'Crash dos videogames de 1983'

Considero isso como um assunto que serve para a história dos videogames e que poderia ser definido como um artigo necessário para TODO retrogamer que se preze e quer saber mais sobre os videogames, a história e os tortuosos caminhos por onde passaram.

Então, sem mais delongas, inicio uma explicação imparcial sobre o polêmico:


Passamos por muita coisa depois desse acontecimento, mas... O que aconteceu para influenciar tal fato?


O 'antes': "Ascenção"


Em meados da década de 70, os fliperamas (no Brasil... "As mesas de 'Totó'/Pimbolim, proliferavam como se fossem pulgas em um cão sardento!" - Lembrando do jeito que meu pai falava de tal assunto...), quando houve o lançamento do 1º videogame caseiro que REALMENTE deu certo:

...O querido Atari 2600.

Claro que tinha outras opções, como o Intellevision e o Odyssey, mas em matéria de preço, o Atari era baratinho para todos enquanto que os outros...

Lembrando que o Atari foi lançado em 1972 (um ano antes de meu nascimento - No caso da empresa! O console caseiro foi lançado em 77) e desde então, a batalha dos consoles foi facilmente delineada pelo poderoso americano.

Com o tempo, outros videogames vieram povoar e tentar derrotar 'o rei' de seu trono. Nomes desconhecidos por aqui como: Bally Astrocade, Colecovision (que tinha uma qualidade impressionante em seus jogos, mas com um preço completamente abusívo...), Emerson Arcadia 2001, Vectrex e outros, todos com suas qualidades (e grandiosas falhas).

Não vamos contar que, além de tais desafiantes, a própria Atari tentava inundar o mercado com outro videogame (o 5200, com uma qualidade duvidosa e que será explicada depois...) e seus computadores (que também tinham suporte aos jogos do 2600, além de terem suas próprias versões.... Hummm, tem coisa errada aqui, não acham?

Imaginem só: ao chegar nas lojas, encontrar 3.278 versões do mesmo jogo, para diversos equipamentos onde, muitos deles rodam as outras versões! E agora? O que comprar?

 O prenúncio de um desastre


"Jogos demais e qualidade de menos!" - Esse foi um dos maiores problemas para todos que se aventuraram com tais equipamentos.

Uma das maneiras de diversificar uma biblioteca e aumentar a vida útil de um equipamento de hardware era a liberação de empresas 'Third Parties' para a criação e desenvolvimento de jogos. Um dos pontos principais desse desastre está sendo visto e deixado para que os clientes se virem.

A situação piora com a falta de qualidade imposta pelas empresas:
"Sabe programar? Consegue digitar? Então, faça jogos para nós!"
Graças a tal fator, inúmeras pessoas que nem tinham uma simples noção aprimorada com o computador e suas artes de programação, começaram a fazer jogos que não precisavam de passar por um controle de qualidade, lançando mais bombas do que os terroristas da Al-Qaeda.

A gota d'água veio com o lançamento do jogo 'ET - O extraterrestre', que pensava em pegar carona com o assombroso sucesso do filme, porém...

Considerado o PIOR JOGO DE TODOS OS TEMPOS (mas sendo desafiado por um jogo de corrida de PC... Não, depois eu falo mais dessa outra tragédia!) já lançado, seu projeto começa em julho de 1982 e tinha uma data oficial de lançamento, que seria no final do mesmo ano (ou seja, apenas 6 meses pra se preparar um super clássico que deveria comover a platéia, assim como o filme fez. E tinha que sair NA ÉPOCA DAS VENDAS DE NATAL!!!). Com um custo de produção avaliado em 125 Milhões de Dólares, a produção começa com.... Férias?!?

Sim, o produtor Howard Scott Warshaw recebe 200.000 US$ e uma viagem para o Hawaii (com tudo pago, é claro...) para desenvolver o mais inovador jogo para Atari, baseado no grandioso filme.

Na verdade, até o conhecimento do Sr. Spielberg, se perdem mais dois meses de projeto, sendo que, na apresentação do projeto ao 'bambambam' da história, o próprio Spielberg não vai com a cara dele, pedindo que fizessem um jogo no estilo de Pac Man (achei bem simplista o modo de pensar de Steven Spielberg...), mas o Sr. Warshaw descreve seu projeto como um "misto de sentimentos que foi capturado do filme", batendo o pé para que esse projeto fosse aprovado.

Depois de uma... Digamos assim, aprovação, descida com uma farofa de terra pela goela abaixo do Sr. Spielberg, o  projeto teve que ser tocado na base do grito: Para que o prazo final fosse cumprido (e depois de ter gasto os tubos em umas férias bem (in)produtívas), a Atari decide cancelar os testes de audiência (onde pessoas normais são contratadas para fazer o teste do produto antes de sair para as lojas e dar sua opinião sobre o artigo), e acreditando no sucesso que Warshaw estava prevendo (graças a dois hits que ele lançou para o videogame: Raiders of the Lost Ark (Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida) e Yar's Revenge), mas a Warner sempre estava com a luz amarela ligada e lembrando do sucesso que Pac Man obteve para o Atari, mesmo com as mais pífias críticas recebidas.

Pra piorar ainda mais, as revistas de maior veiculação nos Estados Unidos, criavam uma enorme expectativa sobre o título, dizendo que, além de ser baseado em uma grandiosa história, ele seria um estouro em vendas e que o pessoal trabalhava dia e noite para fazer o seu melhor (bom, NESSE PONTO, eles até que não estavam exagerando...)

O início do fim


Pouco antes do lançamento do jogo, o jornal 'The New York Times', lança uma matéria falando sobre os filmes que estavam virando jogos, em especial, E.T. que iria se tornar "uma maravilhosa fonte de dinheiro" para o desenvolvimento do mundo dos videogames. Graças a tal matéria, as lojas fazem pedidos a mais do que o normal, achando que esse seria um novo recorde nas vendas.

Na verdade, foram pedidos DEMAIS! A própria Atari, que não estava preparada para tal nível de trabalho, cancelou inúmeros pedidos (e deu muitos calotes em outros locais que pediram e pagaram antecipadamente...) devido ao fechamento de acordos de exclusividade com certas lojas, começando uma vertiginosa descida.

Na liberação das vendas, foram vendidas 1.5 milhões de unidades, sendo considerado pela revista Billboard , o quarto maior índice de vendas em 1982 e 1983, sendo considerado um dos jogos 'best sellers' (mais vendidos) da Atari.

Mas como nem tudo são flores...

Mais de 3 milhões de unidades do jogo não foram vendidas, criando um estoque assustador, apesar do sucesso de vendas. E, como o buraco é sempre mais em baixo, o jogo vendeu horrores na época do natal, mas encalhou vergonhosamente após esse período. A própria Warner libera uma mensagem de desapontamento nas vendas do jogo, e graças a esse período de 'seca', os preços do jogo cairam (cairam não! DESPENCARAM!!!) de 45 US$ no seu lançamento para níveis absurdos, chegando ao cúmulo de ficar abaixo de 1 US$ em diversas lojas com o estoque mais abastado...

E olhe que ainda nem comentei do mais trágico! O índice de devoluções das lojas para a empresa foram enormes, sendo que, uma média de 4 milhões de cartuchos foram devolvidos a empresa. Daí então, vamos às continhas:

Mesmo que a Atari tenha arrecadado um lucro de 25 milhões de dólares nas vendas do jogo, com todo o papelão que houve, ela arrecadou uma perda avaliada em torno de 100 MILHÕES DE DÓLARES, se tornando a maior falha econômica já vista por uma empresa desse nível.

Mas não vamos esquecer as críticas!!! E quem disser que a melhor crítica recebida pelo jogo foi de porcaria pra baixo, já sabe das coisas. De 'Insosso' a 'Duh!', passando por 'infame' e 'desapontador' (e olhe que eu não posso postar os palavrões...), a Atari teve que engolir seco o amargo gosto do fracasso.

Os pregos do caixão


Graças a tanta palhaçada feita, a Atari amarga em 1983, uma perda de 536 milhões de dólares, fazendo com que as a Warner Communications (uma das donas da marca), obtivessem uma perda cotada em mais de 1.3 bilhões de dólares e forçando uma indescritível queda nas ações, que valiam em torno de 54 US$, caindo para 35 US$. Antes do anúncio, o então presidente da Warner, Ray Kassar, para evitar o pior, vende 5.000 ações com o preço baixo, fazendo com que outras empresas relacionadas ao mundo dos videogames sofressem o pior e de forma descontrolada. Assim sendo, a Activision, BAlly e Mattel sentem o baque com sua total intensidade. Quanto as ações da Atari, cairam de 50 pontos para 15, forçando assim, o encerramento do Atari 2600.

Enquanto estava empolgado com a história do Atari, o fim do 2600 e um dos maiores pontos criadores do 'Crash', o E.T. , me esqueci de falar que uma das maiores arqui-rivais da Atari, a Commodore (fabricante de computadores pessoais), 'alfinetava' em seus comerciais (de forma explicita), um abatimento de preços na compra do computador (acredito que na época, era o VIC 20), utilizando o console 2600 como base de troca. O mais interessante disso é que, na época dos videogames (entre a década de 70 e 80), os computadores pessoas tinham um crescimento quase que 'underground' criando um aspecto de 'guerra santa' entre os computadores e videogames.

Graças a essa 'onda tsunâmica' criada por tais fatos, as outras empresas que tinham videogames no mercado, simplesmente largaram tudo e foram cuidar de suas vidas (isso pra especificar de uma forma genérica), criando um vazio singular depois de tal explosão da 'bolha dos videogames'. Enquanto isso, em um pais looooooooooonge... Uma centenária empresa de cartas prepara o lançamento de seu videogame para os Estados Unidos...Bom, voltando a história principal, entre 1983 e 1984, a industria, que faturava uma média de 3 bilhões de dólares em 1982, chega a faturar pouco mais de 100.000 dólares em 1985, forçando muitas empresas a fecharem as suas portas. Mas, em 1985, outra história se inicia (e essa, nós veremos logo! Com informações atômicas tão (ou ainda mais) poderosas quanto o Crash de 1983).x

0 comentários:

Postar um comentário

Solta a voz