■ Parece mas não é! Confira uma prosa sobre as características do RPG no mundo dos games.

Fala galera que acompanha o Games e Prosa! 

Meu post de hoje é um assunto polêmico: O que de fato é um RPG? Será que o gênero já não se tornou algo tão amplo que suas características já podem ser encontrados em vários jogos que você nem imaginaria que pudessem ser classificados como role playing game? Acompanhem o texto a seguir e reflitam sobre o assunto. Tenho certeza que muitos leitores irão concordar com o meu ponto de vista com relação a esses jogos. Portanto, boa leitura e não se esqueçam de postarem um comentário para que possamos discutir mais a fundo sobre o tema. Até a próxima!

Castlevania: Symphony of the Night

À primeira vista, SOTN é mais um Castlevania com pulos, batalhas e corações. Mas este, que é o menos Castlevania de todos, trouxe grandes mudanças se você olhar mais de perto e reparar nos "numeruzinhos" que aparecem quando exterminar seu primeiro inimigo. Castlevania ganhou milhares de vezes mais complexidade com os elementos de RPG inseridos, como trilha sonora orquestrada, enredo forte, itens, habilidades, evolução gradual dos status, focalização na exploração, etc. Enfim, Castlelania SOTN É um RPG. Um dos melhores.

Parece mas não é: SOTN ainda é muito focado no gênero "aventura em plataforma", o que, para alguns, o descaracteriza um pouco do RPG, E apesar do castelo a ser explorado ser gigante e de grande complexidade, não podemos considerá-lo como um "mundo", o que distância ainda mais o jogo de um legítimo representante do gênero.  

ICO

O clássico máximo do PS2 é, por muitos, facilmente confundido com um RPG.  Pudera: Um castelo mítico a ser desbravado; uma princesa que precisa de ajuda; um garoto munido de sua espada disposto a protegê-la; uma densa atmosfera de fantasia; uma maga como vilã... Facilmente constatamos em Ico os trejeitos básicos que delineiam um típico representante do gênero. ICO usa e abusa de fantasia para contar sua bela história. O desenvolvimento dos personagens centrais, Ico e Yorda, também são bastante evidenciados, sendo esta uma característica clara dos RPGs.

Parece mas não é: A ausência de desenvolvimento de status e a curtíssima duração fazem com que ICO não seja necessariamente um Role Playing Game.

Onimusha 2: Samurai's Destiny

Onimusha? RPG? O que tem a ver? Se nos referirmos ao segundo título da série, aposto que sua opinião poderá mudar depois de ler as próximas linhas. Começando pela existência de um grupo de quatro personagens, que podem agir em conjunto durante alguns momentos do jogo, cada qual com sua personalidade e motivações delineadas dentro de um enredo rico em detalhes e diálogos. Dependendo de suas atitudes, fatos do roteiro sofrem alterações. Suas armas e armaduras podem receber upgrades baseados na coleta de orbs recebidas ao se derrotar monstros (o que, de certa forma, funciona como acúmulo de "experiência") e estes influenciam seus status (que são apenas subentendidos no game, e não mostrados). Até mesmo um vendedor de itens está presente e, para justificar sua existência no jogo, encontramos outra característica forte dos rpgs: o onipresente dinheiro.

Parece mas não é: Apesar de todos os pontos citados, a Capcom não explorou a franquia, o máximo que conseguiram foi transformá-la em um Resident Evil de espadas.

Warcraft 3

Warcraft é um dos mais famosos jogos de estratégia do mundo, e um dos mais vendidos também. Em sua 3ª edição ele vem com vários toques de RPG, visando torná-lo ainda mais tático e divertido. O sistema de ação basicamente não muda nada, mas os elementos de RPG foram incluídos inteligentemente. Agora, o comando de cada exercito é feito por um "herói" que vai ganhando experiência durante a campanha: quanto mais vitórias, maior será seu level. Por conseqüência disso, o personagem vai ganhando varias magias, novos golpes, e desbloqueando novos acessos para áreas diferentes. Também da pra equipar seus guerreiros com novos armamentos e magias, detalhe que lembra bastante outro game da Blizzard, o clássico Diablo.

Parece mas não é: Apesar de bem mais voltado para seu lado RTS, Warcraft III pode ser apreciado facilmente como um RPG.

The Lord of the Rings: The Third Age

Este game seria, em teoria, um RPG baseado em "O Senhor dos Anéis", aproveitando-se do sucesso da trilogia cinematográfica. No entanto está longe de ser em decorrência da ausência de inúmeras características inerentes ao gênero e que não foram compensadas por nenhum outro sistema ou características novas, o que acabou por torná-lo algo incompleto. Um híbrido. Aqui ainda temos a coleta de itens, batalhas aleatórias por turno, magias, um grupo pré-definido de personagens e melhoramento de habilidades, atributos considerados fundamentais para um RPG, mas...

Parece mas não é: RPG significa jogo de interpretação de papéis. Logo, o aspecto que define um jogo do gênero não são os sistemas de batalha e evolução de status, mas sim o enredo e desenvolvimento dos personagens. Third Age possui uma história simples, de fachada. A exploração é limitadíssima e não existe quesitos chaves como cidades e dinheiro, e o fato de não haver interação com outros personagens e NPC´s, acaba de vez com qualquer tipo de comparação com o gênero.

Grand Thef Auto: San Andreas

Certamente muitos devem estar estranhando a presença deste game aqui, porém, os mais atentos não serão surpreendidos. Todas, absolutamente todas as características básicas de um RPG são atendidas por GTA SA: evolução de status, enredo forte, exploração de um "mundo" enorme, etc. Quem disse que precisa ser medieval pra ser RPG? Vide Xenosaga ou Shin Megami Tensei. Mas, enfim, muitos discordarão que GTA seja um RPG, mas àqueles que assim se posicionam, DIGA por que ele não é e atire a primeira pedra XD.

Parece mas não é: San Andreas é focado demais na ação. A interação com os NPCs e aumento de status ainda são muito simples. Sem contar o coro de fãs de RPG que não curtem GTA e jamais o chamariam de RPG, sob nenhuma circunstância.

Postado em: Prosa